Uma contenta política na base do eleitorado levou dois vereadores de Fortaleza a travarem uma disputa que ganhou capítulo policial. Na manhã de ontem, nos bastidores da Câmara Municipal, falava-se até em “ameaça de morte”. Durante a sessão plenária, parlamentares pediam esclarecimentos sobre a briga entre os dois e criticavam a postura de ambos os vereadores. Na origem do confronto, a disputa pelo mérito de obra asfáltica na Capital, uma competência que nem ao Legislativo cabe.
A peleja entre os vereadores Leonelzinho Alencar (PTdoB) e Francisco Alves (PRTB) começou na última quinta-feira, 10, quando os dois participaram de evento no Parque Betânia, localidade da grande Messejana. Eles entraram em confronto quando cada um tentou convencer a população local, base de seu eleitorado, de que era seu o merecimento de ação da Prefeitura pelo asfaltamento de linha de ônibus do bairro.
Durante bate-boca, Leonelzinho teria mandado Alves “tomar cuidado”. Ele, por sua vez, entendeu a afirmação como ameaça e, no mesmo dia, levou o caso para a delegacia. Depois de registrar um Boletim de Ocorrência (B.O.), Alves disse que passou o final de semana confinado em casa, amedrontado com uma possível retaliação do colega parlamentar. “Meu filho ficou desesperado”, disse ontem o parlamentar, em plenário.
Durante sessão, outros vereadores criticavam a disputa pelos louros da obra. “Vereadores estão espalhando mentiras em suas bases, dizendo que foram eles que levaram uma camada de asfalto para uma rua. (...) Eu não sabia que nós, vereadores, agora temos atribuições exclusivas do Poder Executivo”, disse o líder da oposição na Câmara, vereador Plácido Filho (PDT). “Agora, a base aliada briga pelo DNA das obras. ‘Ninguém tasca. Eu vi primeiro’”, ironizou o também opositor Dr. Ciro Albuquerque (PTC).
Sobrou até para a base
A história foi parar na sala da Presidência da Câmara Municipal. Os dois vereadores foram chamados para reunião fechada com o presidente Acrísio Sena (PT), que conseguiu acalmar os ânimos. Ao abrir as portas, os parlamentares disseram à imprensa que tudo não passou de um “mal entendido” e a responsabilidade pelo acontecido foi parar na própria Messejana. “A matriz dos desentendimentos é de dentro das lideranças das comunidades. (...) Faz parte da disputa política pelo credenciamento (eleitoral)”, atribuiu p vereador Acrísio Sena.
Francisco Alves disse que retiraria o Boletim de Ocorrência, que teria sido registrado “apenas por precaução”. “Ele (Leonelzinho Alencar) me explicou que sua intenção era para que eu me cuidasse, trabalhasse”, disse. “A amizade continua. As eleições estão chegando e nós iremos trabalhar juntos”, acrescentou Leonelzinho. Marcus Teixeira (PMDB), também presente à reunião, arrematou: “Agora pede para os dois darem um beijo!”, arrancando gargalhadas.
Marcela Belchior
marcelabelchior@opovo.com.br
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