EDUCAÇÃO
Após vazamento de questões, o Enem é novamente tema de polêmica. O exame é um processo de seleção seguro?
Sim
O Enem é, sem dúvida, um dos instrumentos de avaliação e de democratização do acesso ao ensino superior mais importantes criados nos últimos tempos, pois, além de avaliar o ensino médio no Brasil, permite que jovens brasileiros tenham a oportunidade de concorrer em todas as instituições públicas em nível de Brasil e possam ter um conhecimento de toda a oferta de ensino superior, permitindo-lhes uma flexibilidade na escolha de onde cursar uma graduação.
O Enem também trouxe, na sua metodologia, quebra de paradigmas no processo ensino-aprendizagem, uma vez que ele exige dos estudantes não somente a aprendizagem em si, mas a sua aplicabilidade ou contextualização.
Sabe-se que a logística de aplicação do Enem é um tanto complexa, pois o Brasil é um país com dimensão continental, tornando, dessa maneira, sua aplicação vulnerável. O Ministério da Educação (MEC), por meio do Inep, tem sido muito competente, na sua aplicação, haja vista que os problemas acontecidos, ultimamente, são de natureza pontual e não comprometem todo o processo.
O Enem se constitui hoje um instrumento da sociedade brasileira, portanto, temos que fiscalizar para que ele se torne cada vez mais, um meio de promoção social. O exame é sim um processo de seleção seguro e à medida que avançamos precisamos, obviamente, ir melhorando e minimizando toda e qualquer vulnerabilidade existente.
Sabe-se que em alguns setores da educação brasileira há uma certa resistência ao Enem, e dois dos principais argumentos são a segurança e a lisura do processo de aplicação. O MEC tem trabalhado muito fortemente para que esse processo se estabeleça de vez no nosso país. Sabe-se que é um tanto difícil, mas com as ferramentas e os mecanismos de controle e de fiscalização, utilizando as tecnologias existentes, é possível torná-lo seguro na sua totalidade.
Gilmar Lopes Ribeiro - Pró-reitor de Ensino do Inst. Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará
"O MEC tem sido muito competente na sua aplicação. (...) Os problemas são de natureza pontual"
Não
O vazamento de questões do pré-teste do Enem, aplicados em amostragem de colégios brasileiros em 2010, pode ter acontecido em outras escolas sem a ampla divulgação pelas redes sociais, como no caso acontecido no Ceará.
No pré-teste questões são respondidas por uma população semelhante à que de fato fará o exame. Este procedimento é essencial para que a prova seja calibrada de acordo com a Teoria da Resposta ao Item (TRI), que considera três parâmetros: o grau de dificuldade das questões, de possibilidade de acerto casual e de discriminação dos itens. Os cadernos utilizados nos pré-testes pelo Inep são recolhidos após as provas, avaliados e incinerados. Mas nada garante que não haja vazamento de seus conteúdos.
O MEC decidiu, arbitrariamente, punir apenas os alunos do Christus, quando o correto seria anular as questões idênticas às do pré-teste, já que se trata de prova nacional. Tendo havido vazamento de itens do pré-teste usados na prova real, todas as questões idênticas teriam forçosamente que ser anuladas sob pena de suspeição generalizada. Esclareça-se que, pelo menos até agora, não há notícias de vazamento da prova real no Ceará, já que as apostilas dos simulados com as questões idênticas foram distribuídas pelo Christus dias antes do Enem 2011. E não se conhece que tenha acontecido no restante do País.
Não deixa de ser pueril a desculpa das autoridades do MEC em concentrar no tradicional colégio a responsabilidade pelo vazamento de questões. O cerne do problema não está aí e, sim, que, apesar de adotar a TRI, uma metodologia estatisticamente reconhecida como a ideal, o Inep tenha usado questões de pré-testes na composição da prova real. Agindo desta maneira tornou o Enem vulnerável a vazamentos, como o que aconteceu. O correto, para dar maior segurança e garantia de sigilo absoluto, é que as questões dos pré-testes não fossem, de nenhuma maneira, utilizadas na prova real.
Antonio Vasques - Doutor em Ciências pela Unicamp e professor da Uece
"O correto é que as questões dos pré-testes não fossem, de nenhuma maneira, utilizadas na prova"
fonte: O povo online
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